terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Entendendo a dinâmica das águas de Chuva nas cidades...

Por João Alves

Para inicio de conversa, precisamos visualizar dois aspectos importantes: o primeiro é que as aguas das chuvas que caem sobre os logradouros e casas, escoam para algum lugar, e o segundo aspecto é que este escoamento superficial é naturalmente direcionado pela declividade do terreno, aos pontos mais baixos do relevo, onde podem existir cursos d’água ou não.

A impermeabilização do solo em nossas cidades através da pavimentação das ruas, avenidas e também pelas edificações nos lotes, fazem com que as águas das chuvas – águas pluviais - não encontrem local para infiltrar nesta superfície do solo.

Assim, onde antes uma parte do volume pluviométrico precipitado (chuva), encontraria no contato com o solo condições para infiltração, com vegetação que o protegeria da erosão e diminuiria o escoamento superficial, com a impermeabilização, a agua da chuva não tem aonde infiltrar.

Quando a água da chuva não encontra no solo condições para infiltração, tende-se a aumentar o volume e a velocidade do escoamento sobre o solo (escoamento superficial), como pode ser visualizado no hidrograma abaixo.



Com este escoamento superficial aumentado, tanto em volume quanto em velocidade, toda a água da chuva escoará para as partes mais baixas do relevo, chegando a estas em menor tempo e maior volume.

As consequências desta alteração do ciclo hidrológico podem ser observadas em nossas cidades em dias de forte chuva, com inundações das áreas mais baixas, pelo visível alto escoamento de água sobre o leito transitável das ruas e avenidas, causando estragos no pavimento (buracos no asfalto ou no calçamento), erosões, inundações, prejuízos ao patrimônio público e privado.

A impermeabilização do solo faz mudar drasticamente a dinâmica natural das águas de chuvas sobre o solo, o que leva a necessidade de implantação de obras e dispositivos hidráulicos para controle deste escoamento das águas pluviais.


  


  




Para esta problemática situação da impermeabilização do solo e o escoamento pluvial nas cidades, a engenharia nos dá o Sistema de Drenagem Pluvial Urbana – DRENAGEM URBANA, que, se baseia em estudos hidrológicos, mensuração da contribuição hídrica da micro bacia hidrográfica e o dimensionamento de obras e dispositivos hidráulicos que visam ordenar o escoamento pluvial de forma segura e correta. Dentre estas obras podemos destacar as sarjetas, galerias pluviais e bocas de lobo, bueiros, escadas hidráulicas entre tantos outros dispositivos hidráulicos.





Além do projeto de Drenagem Pluvial urbana, a preferencia por pavimentação de ruas com paralelepípedos (calçamento) promove maior infiltração de água no solo e ajuda a diminuir a velocidade do escoamento sobre a via, retardando sua chegada aos pontos mais baixos do relevo, contribuindo para evitar inundações, algo que não acontece com áreas asfaltadas, que a velocidade da agua é alta.



No entanto, mesmo destacando a importância do projeto de Drenagem Urbana como solução para o escoamento pluvial nas cidades, a ocupação antrópica consolidada (edificações, moradias, ruas e avenidas, etc.) nas áreas de baixada, fundos de vale, vazantes de rios ainda sim podem causar sérios RISCOS à população do local e a seus patrimônios, como pode ser visto nos noticiários nos períodos de chuvas, como no Estado de Espirito Santo neste final de ano (2013).

Estas áreas são áreas de escoamento NATURAL da micro bacia  (inclusive de disposição do escoamento final da Drenagem Pluvial quando existentes), NÃO SENDO ÁREAS SEGURAS PARA A OCUPAÇÃO HUMANA CONSOLIDADA além de ser vazantes de cursos d’água com enchentes e inundações periódicas. Mas sobre estas áreas consideradas de Riscos falaremos em outra oportunidade..




É importante que o Sistema de Drenagem Pluvial Urbana seja sempre considerado integrado aos demais melhoramentos urbanos em um ambiente que proporcione bem estar social e segurança estrutural. O Sistema de Drenagem Pluvial é essencial para garantir nas nossas cidades o escoamento das águas das chuvas de forma ordenada e direcionada, com segurança a sua população.

Para concluir, deixo a seguinte pergunta: PARA VOCÊ MEU CARO INTERNAUTA, QUAL É A DIFERENÇA ENTRE ENCHENTE E INUNDAÇÃO? Adianto que existe uma grande diferença...

Este será nosso próximo assunto a ser partilhado neste Blog. Acompanhe e deixe seu comentário.


Referencias:

BAPTISTA, M. [2005?]. Trabalho Integralização Multidisciplinar TIM, Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos / Escola de Engenharia da UFMG. Disponível em: http://www.etg.ufmg.br/tim1/palestradrenagemmarcio.pdf.

BOTELHO. M. H. C. Águas de chuvas: Engenharia das águas de chuvas nas cidades. São Paulo. Ed. Edgard Blucher Ltda., 2º Ed. 1998.

LACERDA JÚNIOR. João Alves, Drenagem Pluvial e Parcelamento do Solo Urbano – Observância Legal e virtudes Técnicas. Monografia. Centro de Pós Graduação e Pesquisa - FUNEDI/UEMG, 2012. Divinópolis/MG. 82 pag.


VILLELA, S. M & MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil,1978.


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