segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Alagamento, Enchente ou Inundação?

Por João Alves


Como vimos no texto “Entendendo a dinâmica das águas de chuva nas cidades”, a capacidade de infiltração e retenção de água no solo em áreas impermeabilizadas (áreas asfaltadas, cimentadas, edificadas etc.) é muito baixa.

Assim, toda a água que cai numa área de determinada bacia de drenagem, escoa naturalmente por declividade para as partes mais baixas do relevo - os talvegues - como baixadas, fundos de vale, com ou sem cursos d’águas naturais. Este escoamento, por fim, busca sempre o encontro de um curso fluvial (rio, ribeirão, canal de drenagem etc.) para sua dispersão e escoamento final.

Desta maneira, mesmo as áreas baixas do relevo que não possuem cursos d’água no local, podem sofrer com as acumulações de água, causando os chamados alagamentos, que possuem uma situação critica quando estas áreas se encontram ocupadas com avenidas, ruas, casas, shoppings etc., causando inúmeros transtorno e prejuízos. Outro aspecto válido a ser ressaltado, que pode contribuir com os alagamentos, trata-se de falha ou deficiência do sistema de Drenagem Pluvial.


Por sua vez, as áreas marginais aos Cursos d’águas, as chamadas várzeas, são áreas que possuem uma função natural de receber a água que transborda do leito dos cursos d’água após a ocorrência de intensas chuvas que provocam enormes vazões.

Os cursos d’água tem seu leito classificado em três partes: Leito menor, Leitor Maior e planície de inundação, conforme ilustrado na figura abaixo.


Assim, podemos entender que enchente é algo natural aos cursos d’água, após a ocorrência de intensas chuvas que provocam enormes vazões, porém, quando ocorre inundação, é sinal que a urbanização falhou, no ato de ocupar o solo nas áreas de vazante dos cursos d’água.

No livro “Águas de Chuva – Engenharia das Águas Pluviais nas Cidades” do Engenheiro Civil Manoel H. C. Botelho, o autor nos dá a seguinte definição:

[...] rios e riachos sempre tem enchentes periódicas. Só ocorrem inundações quando a área natural de passagem da enchente de um rio foi ocupada para conter uma avenida (avenida de fundo de vale) ou foi ocupada por prédios. Assim pode-se-á dizer que todo curso d’água tem enchente. Quando inunda é porque a urbanização falhou. (BOTELHO, 1998: pag. 4)





Nesta concepção, entende-se que, toda a área marginal de cursos d’água, fundos de vale e demais talvegues, tem por vocação natural, serem pontos: ou de escoamento fluvial  (rios, riachos etc) ou pluvial (águas das chuvas). Estas áreas, portanto, estão sujeitas a inundações, processos erosivos ou às famosas enchentes.

Desta maneira, novamente entende-se a razão pela qual estas áreas não deveriam ser ocupadas com edificações, vias de transito de veículos etc.

“Tudo que você fizer sem contar com a Natureza, a natureza destrói.” (Proverbio Chinês)



 REFERÊNCIAS:

BOTELHO. M. H. C. Águas de chuvas: Engenharia das águas de chuvas nas cidades. São Paulo. Ed. Edgard Blucher Ltda., 2º Ed. 1998.

LACERDA JÚNIOR. João Alves, Drenagem Pluvial e Parcelamento do Solo Urbano –Observância Legal e virtudes Técnicas. Monografia. Centro de Pós Graduação e Pesquisa - FUNEDI/UEMG, 2012. Divinópolis/MG. 82 pag.

BAPTISTA, M. [2005?]. Trabalho Integralização Multidisciplinar TIM, Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos / Escola de Engenharia da UFMG. Disponível em:http://www.etg.ufmg.br/tim1/palestradrenagemmarcio.pdf.



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