Por João Alves
Como
vimos no texto “Entendendo a dinâmica
das águas de chuva nas cidades”, a capacidade de infiltração e retenção de
água no solo em áreas impermeabilizadas (áreas asfaltadas, cimentadas,
edificadas etc.) é muito baixa.
Assim,
toda a água que cai numa área de determinada bacia de drenagem, escoa naturalmente
por declividade para as partes mais baixas do relevo - os talvegues - como
baixadas, fundos de vale, com ou sem cursos d’águas naturais. Este escoamento, por fim, busca sempre o encontro de um
curso fluvial (rio, ribeirão, canal de drenagem etc.) para sua dispersão e
escoamento final.
Desta
maneira, mesmo as áreas baixas do relevo que não possuem cursos d’água no local, podem sofrer com as acumulações
de água, causando os chamados alagamentos,
que possuem uma situação critica quando estas áreas se encontram ocupadas com
avenidas, ruas, casas, shoppings etc., causando inúmeros transtorno e prejuízos.
Outro aspecto válido a ser ressaltado, que pode contribuir com os alagamentos,
trata-se de falha ou deficiência do sistema de Drenagem Pluvial.
Por
sua vez, as áreas marginais aos Cursos d’águas, as chamadas várzeas, são áreas que
possuem uma função natural de
receber a água que transborda do leito dos cursos d’água após a ocorrência de
intensas chuvas que provocam enormes vazões.
Os cursos d’água tem seu leito classificado em três
partes: Leito menor, Leitor Maior e planície
de inundação, conforme ilustrado na figura abaixo.
Assim,
podemos entender que enchente é algo
natural aos cursos d’água, após a ocorrência de intensas chuvas que provocam
enormes vazões, porém, quando ocorre inundação,
é sinal que a urbanização falhou, no ato de ocupar o solo nas áreas de vazante
dos cursos d’água.
No
livro “Águas de Chuva – Engenharia das Águas Pluviais nas Cidades” do
Engenheiro Civil Manoel H. C. Botelho, o autor nos dá a seguinte definição:
[...]
rios e riachos sempre tem enchentes
periódicas. Só ocorrem inundações
quando a área natural de passagem da enchente
de um rio foi ocupada para conter uma avenida (avenida de fundo de vale) ou foi
ocupada por prédios. Assim pode-se-á dizer que todo curso d’água tem enchente. Quando inunda é porque a urbanização falhou. (BOTELHO, 1998: pag. 4)
Nesta
concepção, entende-se que, toda a área marginal de cursos d’água, fundos de
vale e demais talvegues, tem por vocação natural, serem pontos: ou de
escoamento fluvial (rios, riachos etc)
ou pluvial (águas das chuvas). Estas áreas, portanto, estão sujeitas a inundações, processos erosivos ou às
famosas enchentes.
Desta
maneira, novamente entende-se a razão pela qual estas áreas não deveriam ser
ocupadas com edificações, vias de transito de veículos etc.
“Tudo
que você fizer sem contar com a Natureza, a natureza destrói.” (Proverbio Chinês)
REFERÊNCIAS:
BOTELHO. M. H. C. Águas de chuvas: Engenharia das águas de chuvas nas cidades. São Paulo. Ed. Edgard Blucher Ltda., 2º Ed. 1998.
LACERDA JÚNIOR. João Alves, Drenagem Pluvial e Parcelamento do Solo Urbano –Observância Legal e virtudes Técnicas. Monografia. Centro de Pós Graduação e Pesquisa - FUNEDI/UEMG, 2012. Divinópolis/MG. 82 pag.
BAPTISTA, M. [2005?]. Trabalho Integralização Multidisciplinar TIM, Departamento de Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos / Escola de Engenharia da UFMG. Disponível em:http://www.etg.ufmg.br/tim1/palestradrenagemmarcio.pdf.
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